domingo, 26 de agosto de 2007

O Fundo do Poço

Eu sou o fundo do poço!
Sou onde ninguém jamais chegou.
Sou o fundo do poço!
O sonho e o medo de todos.

Sou a ausência da libido,
A falta de bom-senso,
O excesso de tormento,
A presença do temido.

Eu sou o amor e a indiferença,
O ódio e o dar a vida,
A poesia esquecida,
A dor que volta com freqüência.

Sou o olhar vazio,
O breu sombrio,
O lugar úmido,
Desejo mais profundo.

Eu sou a morte certa.
Sou cega como amar.
Sofro e continuo.
A insistência no confiar.

Sou o que pode ser o fim.
Final do poço ou da vida,
O começo de uma partida.
Sou o infinito em fim.

A encarnação da tristeza.
Sou uma alma viva sem beleza.
A música sem notas,
A anotação com pressa.

Sou a meditação sem paciência.
Um deus não adorado,
Um fiel sem religião,
O ateu inseguro na ciência.

Um comentário:

Fá Fioretti disse...

Que eu lírico mais sufocante!!!